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domingo, 24 de janeiro de 2016

As pessoas não se entendem

As pessoas não se entendem. Mesmo sendo seres falantes e possuindo, portanto, a prerrogativa de reconhecer (no mínimo e quando se comunicam no mesmo idioma) as palavras umas das outras. Mas isso não parece ser suficiente para que elas se entendam. A prova disso a gente vê na TV nos tantos conflitos acontecendo simultaneamente pelo mundo e, também, em nossos mundos menos macroscópicos com implosões de miniguerras particulares de dois combatentes. Talvez exista uma ou várias vantagens para que isso ocorra. Talvez aquela ideia de "fazer as pazes é muito bom" valha a pena o tiroteio. Não sei. Nem de mim. Porque eu também sou uma pessoa. E as pessoas não se entendem.

APC
26/11/15

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Eterna dialética


Vivo numa eterna dialética. Às vezes me sinto de mãos vazias, com a sensação de não ter conquistado tudo o que alguém da minha idade deveria ter para andar sozinho. Outras vezes, sinto minhas mãos tão cheias de uma carga tão pesada que pareço ter oitenta anos de acúmulo dela. A partir daqui, tenho duas sensações: uma de ter tanta experiência de vida pensada (como se o meu pensar fosse o meu viver) que conseguiria carregar um mundo nas costas sem cansar, e a outra é oposta, como se essas oito décadas metafóricas tivessem enfraquecido meus ossos de fato e me dessem indisposição suficiente para tentar um passo. 

Sei que tenho muita vida ainda para respirar, e sei que possuo muitas ferramentas que me empurram a todo instante para frente. Mas como posso usá-las se não encontro um sentido para continuar vivendo? Sinto sono e quero dormir, porque sonhar é muito melhor do que levantar e sair de casa, e minha cama é bem mais confortável do que sentir minhas pernas doendo de tanto ficar em pé, e as paredes do meu quarto não me julgam. É aqui onde todas as ferramentas que acumulei para conquistar uma boa vida podem enferrujar e desaparecer com o tempo. Se isso acontecer, lá na frente vou saber que no fundo foi culpa minha, porque fui eu que não as utilizei enquanto ainda eram novas e enquanto eu ainda tinha força em meu corpo jovem.

Não é todo dia que eu sei o que eu quero ser, para onde quero ir. Nem sempre sei o que me move. Queria uma certeza, mas saber que acumular certezas não é interessante para manter a prerrogativa de aprendizagem constante. Bom, isso não deixa de ser uma certeza, mas, teoricamente, ela seria necessária, afinal. A questão é que procuro verdades para abraçar e diminuir minhas pressa e angústia, mesmo sabendo que provavelmente eu encontraria outra insatisfação.

Eu quero conhecer o mundo. Ah, quero, sim! Mas não sozinha. Não de qualquer forma. Não sem conseguir chegar tão perto para vê-lo com as mãos e ouvi-lo com o coração. Antes preciso de um norte. Aliás, acabei de perceber que posso achá-lo durante.
 

APC
26 de dezembro de 2013

Feliz ano velho

Flecheiras-CE, amanhecer de 01 de janeiro

O primeiro dia de uma longa série de 366 começou assim: com pouca música, muita conversa, pés descalços na areia fria, ótimas companhias. Aí alguém me perguntou logo nas primeiras horas se 2016 já fazia algum sentido, e eu só consegui pensar que ele estava com uma cara terrível de 2015 ponto 3, e talvez não achasse outra nem tão cedo. Veremos... e cantemos:

Nobody said it was easy
No one ever said it would be this hard
Oh take me back to the start
(Coldplay)

APC
03 de janeiro de 2015.3