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domingo, 8 de julho de 2012

Das madrugadas



Sou bicho noturno, apesar de humano. Contrariando aqueles que pensam me conhecer muito, a preguiça que me habita é diurna. As madrugadas têm uma coisa diferente; elas me fazem pensar mais que dormir, quando o cansaço não me nocauteia. Até gosto porque imagino sagas infinitas meio sem sentido que me furtam da rotina entediante do mundo chato exigente da minha presença incondicional; reflito tudo o que não me é permitido quando preciso estar consciente do que me rodeia; olho para o teto e para as paredes verdes do meu quarto bagunçado; ouço música, corujas e silêncio, ah, e a gataria com insônia; faço companhia às páginas inéditas de livros interessantes; às vezes choro e acho graça por chorar; outras vezes rio, e rio mais ainda por rir. Escrevo sobre isso e me sinto tão bem. E penso mais, muito mais. Tanto que não daria tempo de contar antes de outra noite vir.

Sei que ninguém perguntou, mas eu quis escrever só pra preencher o espaço temporal que a madrugada aumenta no meu relógio. Por hoje, ela está só começando.

Adriane Ponte Cisne
23 de julho de 2011
01:21 A.M.