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sábado, 3 de dezembro de 2011

De Barros


Como efeito colateral de um trabalho que não era meu, fui mordida há algumas horas pelo idioleto manoelês. Apresentaram-me sem querer um vagabundo profissional que só inventa e mente, e vive num lugar-de-ser-inútil muito parecido com o meu.

Ofereci ajuda e ganhei poesia!


Culpa dos meus amigos se eu decidir ser duas e sair por aí maldizendo o mundo por não entender que um liquidificador pode perfeitamente fazer uma ligação interestelar com os pedais da televisão verde do gato da Cinderela. Culpo vocês se eu finalmente aceitar a liquidação do ócio e se o mundo obtiver de vez a confirmação de que a normalidade passa a anos-luz de mim. Não vou aguentar... Sou fraca pra elogios!


sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Mais um sobre a greve

Quando rumores de greve pairavam nas salas e corredores da mínima casa que pensa nos comportar, confesso: a idiotice que eficientemente me acompanha só me permitiu pensar no quão divertida seria a história sobre o movimento estudantil ouvida pelos meus netos. Uma das melhores histórias da minha vida que eu poderia contar com um capacete verde de guerra na cabeça e enfatizando heroicamente cada momento greviano ocorrido em torno de todas as contestações que meus amigos e eu não silenciamos, e todas as dezenas de horas gastas em discussões intensas que muitas vezes demoravam dias para ter um veredicto, e as caras pintadas e barulhentas segurando frases de protesto, e todos os nossos quereres espremidos em poucas laudas, e mais, e mais. Pensei em tudo o que poderia ser fotografado, escrito e gravado nos incontáveis cartazes, computadores, sites, CDs, DVDs, agendas, cadernos, borrões e na memória de todos os que se agarraram para se movimentarem unidos. Imaginei trilhas sonoras com rostos familiares, coloridos e orgulhosos aparecendo em câmera lenta em diversos documentários criados e editados por cada um de nós na nossa memória.

Pensei empolgada na experiência de participar de um movimento de massa, no alívio causado pela paralisação das aulas sufocantes e na importância que eu poderia assumir só por fazer parte do movimento. Ora, percebi que tudo era muito mais e vi posturas e ações as quais não seriam possíveis de presenciar se uma decisão radical de parar tudo não tivesse sido consumada. Vi criaturas sérias que moldaram a cara do movimento e o transformaram quase em um objetivo último de vida. Seria hipocrisia minha se eu não enfatizasse também aqueles os quais sequer sabem que já tiveram aula ontem.

A pressão de quem não esteve a nosso favor e de quem fingiu que esteve foi enorme elevada à sétima potência, mas mesmo assim paramos, analisamos, decidimos... e ganhamos, ora bolas. Parar tudo o que você faz da sua vida cotidianamente é complicado e cria consequências bem desagradáveis, e nós o fizemos! E sustentamos isso por árduos 47 dias. Séria gente que fez desse tempo um sacolejo cuidadoso para não quebrar muita coisa e deu prática a muitos dos vários significados assumidos pela Psicologia.

Mas minha história vai ficar incompleta, pois confesso também minha preguiça por não ter me feito presente em todos os instantes. Minha culpa, tão grande culpa por não ter contribuído o suficiente. Recolho-me à minha ninharia quando assisto a cada um falando em nome do coletivo e sendo ouvido, levando-nos aonde devemos estar e mostrando-nos o que nem sempre conseguimos ver. Pelos caracóis branquelos escovados da barba do Noel, como tenho orgulho de conhecer todos vocês, futuros excelentes profissionais!! Não me orgulho só em fazer parte da Psicologia, mas de estar em meio à gente que dá bons significados à categoria. A mim só cabem aplausos e agradecimentos.


Acredito que tudo isso ainda não esteja muito nítido e só em um dia um pouco mais distante daqui, preenchido com uma daquelas rememorações do tipo “ai, quando eu estava na graduação...”, é que nós vamos entender bem mais claro onde se encaixa a responsabilidade assumida durante esses dias ainda fresquinhos no calendário. Chegou ao fim uma greve, mas não uma manifestação parcial de prazer. À parte isso, temos um novo começo com uma fração do ensino de qualidade pedido por tantos gritos.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Fui adotada!

Mais uma real...

Há alguns meses, cheguei cansada da faculdade depois das 10 horas da noite e encontrei uma felina branquela na minha cozinha. Até aí, tudo normal... Gatos são enxeridos e invadem qualquer lugar que pareça ter condições de proporcionar nutrição. A diferença é que esta veio à procura de algo a mais!


Com medo de ela morrer de apnéia por miar sem um milésimo de segundo de intervalo, ofereci comida, mas, por ela me acompanhar depois do jantar até à sala pra assistir televisão comigo, acho que ela entendeu que eu estava oferecendo a casa! Até aí, tudo bem... Imaginei que ela quisesse retribuir o favor me oferecendo companhia. No dia seguinte, ela não apareceu... pelo menos não até o mesmo horário da noite anterior. Quando cheguei em casa novamente, lá estavam aqueles olhos azúis enormes pedindo bis. Pensei comigo: “mas é muita ousadia!”. Alimentei-a de novo. Skinner diria que eu estaria condicionando a aniMALA a voltar no mesmo horário para receber mais comida. Skinner estaria errado neste caso, porque ela aprendeu (não sei como) que a gente aqui em casa também tem hora marcada pra almoçar e que, se ela aparecesse, ninguém lhe negaria umas migalhinhas. Não demorou muito e dali a alguns dias a bichana já estava muito bem adaptada à casa e já sabia que haviam hamsters e peixes respectivamente em gaiolas e aquários para ela admirar, que a Lassie (the dog) não se importava muito com a presença dela em casa (a não ser por se sentir trocada) e que o Shanim (the cat que eu adotei por livre e espontâneo interesse) lhe faria um bom partido e um ótimo pai para os milhões de pivetes que já habitavam o ventre da branquela. Resumindo, estava ela no paraíso, em um lugar perfeito para um gato morar e constituir família! (Aproveitando a oportunidade: alguém quer um gato?!)Depois de tudo isso, imaginei que não podia esperar mais nada de absurdamente ousado da Siri (prefiro não explicar o porquê do nome, mas não fui eu que o atribui a ela). Bom, pelo menos até hoje. Eis o porquê...

Nesta noite, há poucos instantes eu estava sozinha em casa. Então a campainha tocou uma vez. Esperando a coragem chegar até mim para me fazer levantar ou o visitante desistir e ir embora, demorei a atender, mas a capainha soou de novo. Então larguei o computador e fui ver de quem se tratava. Meio que traumatizada pela invasão de dois assaltantes armados acontecida aqui em casa há alguns meses (detalhes dela ali mais em baixo em outra postagem), fiquei desconfiada pelo silêncio tumular na rua e perguntei antes de abrir: “quem é?”. Em reposta, UM MIAU!! Intrigada, perguntei de novo: “quem é?!”. Outra vez: “miau.” Decidi olhar pela brechinha entre o portão e a parede e, vejam só, estava a Siri calmamente sentada em frente ao portão olhando para cima em direção ao rosto de quem abriria para ela entrar! Só por teimosia, insisti: “quem é?!!”. Ela mudou instantaneamente o olhar de direção e se encaminhou toda faceira de onde a minha voz vinha agora e respondeu vários “miaus” como se dissesse “tu tá surda??? sou eeeeeeeeeeeeu!!!!!!!!”. Então quando eu finalmente abri o portão, não tinha ninguém além dela do lado de fora, e ela entrou displicentemente arrastando a cauda por entre as minhas pernas e agradecendo (ou me xingando ou tirando sarro de mim) com outro miau.

Entendeu?!?? Eu também não!!! Õ.o